O 3º Colóquio sobre o Uso sustentável dos Pesticidas, coorganizado pela Associação Portuguesa de Horticultura (APH), o Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional – Centro de Competências (COTHN-CC) e a Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Santarém (ESAS/IPSantarem), reuniu duas centenas de participantes para debaterem a proteção das culturas agrícolas.

No painel de oradores estiveram associações que representam algumas das principais culturas agrícolas do país – Portugal Nuts, AlgarOrange, ADVID, COTHN, AIHO e OLIVUM –; as confederações agrícolas - CAP, Confagri, CNA e AJAP -, a DGAV, a CropLife Europe, representantes da Ciência e da Academia – InnovPlantProtect, UTAD e ESAS - e representantes da política nacional.

A iniciativa contribuiu para a reflexão sobre o futuro do Uso sustentável dos Pesticidas, tendo apontado um conjunto de conclusões que a organização divulgou:

- A proteção das plantas enfrenta desafios crescentes que decorrem das alterações climáticas, da retirada de substâncias ativas do mercado e da necessidade de garantir a segurança alimentar. Evidencia-se o impacto da maior severidade e imprevisibilidade das pragas e doenças clássicas, como a Estenfiliose da Pereira ou a Antracnose, o surgimento de novas ameaças, a uma velocidade crescente, como o Vírus do Rugoso do Tomate (ToBRFV) ou os Tripes dos Citrinos da África do Sul (Scirtothrips aurantii).

As componentes da Proteção Integrada devem ser cumpridas, pelo que há que desenvolver ou ajustar técnicas de estimativa do risco e níveis económicos de ataque; utilizar sistemas de apoio à decisão validados; desenvolver, testar e validar novas soluções de proteção das culturas, desde meios culturais, biológicos, biotécnicos, ou químicos, cada vez com melhor utilização da inteligência artificial ou sistemas de precisão. Sem, no entanto, descurar que a melhor estratégia assenta, ainda, no IOT – “ir ó terreno”.

- A necessidade de maior apoio técnico aos agricultores, seja pela presença de técnicos e suas associações, seja através dos serviços públicos, como os serviços de avisos ou de fiscalização, ou pela ação de entidades do ensino e investigação. Esta melhoria é essencial e urgente, em particular face à complexidade técnica dos novos conceitos e soluções para proteção das culturas.

- Uma cooperação mais profícua entre a Academia e o Campo é imprescindível para que ocorra uma efetiva transferência do conhecimento gerado nas Universidades, Politécnicos e Centros de Investigação para os agricultores, democratizando o acesso a informação validada pela Ciência.

- Ouvir os agricultores é essencial no processo de revisão da Diretiva comunitária sobre o Uso Sustentável dos Pesticidas e na definição das futuras políticas públicas que materializem as metas do Pacto Ecológico Europeu.

- A redução do uso de pesticidas é desejável, a bem da saúde pública e do meio ambiente, mas as metas e o caminho para lá chegar deverão ponderar as especificidades das agriculturas e das condições edafodoclimáticas de cada Estado-membro da UE.

- As decisões políticas devem estar assentes em evidências científicas, salvaguardar que todos os afetados são ouvidos, em particular os agricultores, cujo rendimento justo e o bem-estar social deve ser assegurado, pois são eles que garantem alimentos seguros e a preços acessíveis na Europa.

- Sistemas de certificação como o “Resíduo Zero” podem induzir o consumidor em erro ao pensar que não foram aplicados pesticidas. Pode até acontecer um uso incorreto ao antecipar tratamentos inadequados. Estes aspetos potenciam fenómenos de resistência e efeitos secundários indesejáveis no ambiente.


Fonte: APH – Associação Portuguesa de Horticultura