Com a presença do ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, o Congresso permitiu a partilha de conhecimentos e de informação técnica aos profissionais do sector, em torno dos três temas propostos pela organização, cujas notas finais apresentamos.

Olivoturismo/Oleoturismo, uma realidade? 

Enaltecido o papel do azeite na dieta portuguesa, que conjuga uma vertente mediterrânica e outra atlântica, o Olivoturismo foi reconhecido como uma nova oportunidade de valorização da marca Portugal. Porém, sublinhou-se a necessidade de criação de uma estrutura que envolva intervenientes públicos e privados, de modo a afirmar o olival nacional no contexto do turismo. Aumentar o conhecimento sobre património nacional olivícola, sobre a riqueza e diversidade do azeite, criar rotas e um marketplace para o Olivoturismo, como forma de tornar o sector mais rentável, apostar num turismo de qualidade em territórios marcadamente rurais, investindo de forma eficiente numa matriz que interligue serviços e regiões num trabalho em rede, foram apontados como sendo os principais aspetos a ter em conta neste contexto.

O Preço do Azeite: Mitos e Tabus 

O preço do azeite registado nos últimos meses está relacionado com o incremento significativo dos custos de produção e com o desequilíbrio entre a procura e a oferta. Apesar de se admitir a sua diminuição, os especialistas concordam que não voltará aos valores de há 3 ou 4 anos, sendo que o preço justo deverá situar-se entre os 6-7€ / kg na produção. As diferenças entre as várias regiões produtoras, como seja o caso do Alentejo - onde prevalece o olival intensivo de regadio - e o caso de Trás-os-Montes e Beira - onde predomina o olival tradicional de montanha e de sequeiro, não irrigado e não passível de mecanização - foram um tema sensível. Foram apontadas as fragilidades do olival de montanha, agudizadas pela seca dos últimos anos, que intensificaram a sua fraca ou nula rentabilidade, concluindo os presentes na urgência em decidir o que se vai fazer com este património e de que forma ele pode ser valorizado para não se extinguir. Neste contexto, concluiu-se igualmente que o grande desafio passa pela construção de uma rede nacional que aproveite a água das chuvas que se perde para o mar e a redistribua de forma justa e equitativa. A resposta passará igualmente pela formação/educação sobre os preços e custos envolvidos na produção, pelo Olivoturismo, pela comunicação do papel do olival na sustentabilidade ambiental e do seu inestimável contributo para a redução da pegada de carbono e coesão territorial, bem como da sua sustentabilidade social e económica, na promoção da economia circular e na criação de melhores políticas dirigidas especificamente ao sector.

Alterações climáticas: o futuro hoje

Os presentes concluíram que o olival pode ter papel determinante na aceleração e garantia da neutralidade carbónica, ainda que seja difícil passar a mensagem da importância e papel da economia circular no olival, sendo essencial que academia, associações, empresas e agricultores trabalhem em rede. O incremento da biodiversidade nos solos, incentivos ao pastoreio, agricultura de precisão, regra controlada, e caracterização da diversidade adaptada aos recursos hídricos, foram apontados como alguns dos aspetos determinantes neste contexto. O olival desempenha um papel importante na redução dos gases com efeito de estufa, pelo que deve ser reconhecido e valorizado por ajudar a diminuí-los. No entanto, foi igualmente sublinhado o longo caminho que ainda há a percorrer no que diz respeito à sua mitigação, implicando a adoção de instrumentos financeiros e uma transformação do modelo económico, associado a mais e melhor informação e trabalho dos vários players, incluindo o sector financeiro e dos seguros. Destacando a importância da valorização da biomassa residual e do impacto positivo da redução das emissões de carbono no aumento da eficiência da produção, concluiu-se também que a ação climática para além de ser uma questão de sustentabilidade é também uma questão de negócio, visando valorizar o olival e o azeite.

O 7º Congresso foi organizado pelo CEPAAL (Centro de Estudos e Promoção do Azeite do Alentejo) em parceria com a CAP, com a Cooperativa de Olivicultores de Valpaços e com a Câmara Municipal da cidade.


Fonte: CEPAAL